A ação do homem já alterou 80% da cobertura
original da caatinga, que atualmente tem menos de 1% de sua área protegida em
36 unidades de conservação, que não permitem a exploração de recursos naturais.
A Caatinga é uma das regiões semi-áridas mais populosas do mundo. O sistema vem
sofrendo historicamente drásticas modificações devido às ações humanas. Foi
realizado um estudo pelo Banco Mundial e a WWF, define prioridades para a
conservação da biodiversidade, as quais são estabelecidas em seis níveis por
ordem de relevância, assim estipulados: Prioridades I, I, II, III, IV e V. O
ecossistema caatinga está classificado no nível Iª. Esta alta prioridade é
alcançada quando se considera que além da situação de vulnerabilidade do
ecossistema, deva ser acrescentada a sua representatividade para a biorregião.
Com efeito, "os domínios de
caatinga" estão presentes em quase todo o Nordeste brasileiro, ou ainda,
mais precisamente, na área denominada de Polígono das Secas, que inclui parte
do norte do estado de Minas Gerais. A essa representatividade, somam-se os
aspectos físicos e as formas de exploração econômica do ecossistema, resultando
daí a sua vulnerabilidade.
Realmente, a forma de exploração adotada através dos tempos contribuiu fortemente para que o Nordeste se tornasse, hoje, a área mais vulnerável do país à incidência da degradação ambiental: meio ambiente frágil, fundamentado em grande parte sobre um embasamento cristalino, com solos rasos, com amplas zonas tropicais semi-áridas e forte pressão demográfica.
Além disso, a questão econômico-social da
grande parcela da população nordestina, residente no semi-árido de dominação da
caatinga é, sem dúvida, a causa principal de degradação do ecossistema. O uso
dos recursos da flora e da fauna pelas necessidades do homem nordestino é uma
constante, já que ele não encontra formas alternativas para o seu sustento.
A lenha e o carvão vegetal, juntos, são a
segunda fonte de energia na região, perdendo somente para a eletricidade. Em
1992, a lenha e a estaca destacaram-se como os principais produtos de origem
florestal. No Ceará 91% das Unidades de Produção Rural (UPR) extraíram lenha,
enquanto 46% produziram estacas.
Por outro lado, o desmatamento e a caça de
subsistência são os principais responsáveis pela extinção da maioria dos
animais de médio e grande porte nativos do semi-árido. O hábito de consumir
animais da fauna autóctone (nativo) é antigo, vindo desde antes da colonização
e, ainda hoje, é grande a importância social da fauna nativa nordestina. As
principais fontes de proteína animal das populações sertanejas continuam sendo
a caça e a pesca predatória. Durante as grandes secas periódicas, quando as
safras agrícolas são frustradas e os animais domésticos dizimados pela fome e
pela sede, a caça desempenha importante papel social na região, por fornecer
carne de alto valor biológico às famílias famintas do sertão.
Como consequência desta degradação, algumas
espécies já figuram na lista das espécies ameaçadas de extinção do IBAMA.
Outras, como a aroeira e o umbuzeiro, já se encontram protegidas pela
legislação florestal de serem usadas como fonte de energia, a fim de evitar a
sua extinção. Quanto à fauna, os felinos (onças e gatos selvagens), os
herbívoros de porte médio (veado-catingueiro e capivara), as aves (ararinha
azul, avoante) e abelhas nativas figuram entre os mais atingidos pela caça
predatória e destruição do seu habitat natural.
Mesmo com
todas essas ameaças, o percentual de áreas protegidas e/ou sob forma de unidades
de conservação é insignificante. Embora ocupe 9,92% do território nacional,
apenas 0,45% desta ecorregião encontra-se em unidades de conservação, a maioria
destas protegendo habitats de transição entre caatinga e outros sistemas, como
o cerrado e a mata atlântica.
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